MANIFESTO DA
CANDIDATURA À CÂMARA MUNICIPAL
Provavelmente, todos os candidatos, nomeadamente os que
estão actualmente no executivo ou que estiveram lá no passado como vereadores,
ou aqueles que se fizeram representar na Assembleia Municipal, estarão a
prometer criação de emprego, mais indústria, mais desenvolvimento económico no
concelho, mas não o farão. Não o fizeram no passado, não o irão fazer no
futuro.
Continuarão a promover os lóbis
do concelho, ruinosas parcerias público privadas, usando dinheiros públicos
visando lucros privados. Disponibilizam, por exemplo, mais de meio milhão de
euros para a compra de terrenos, que não criam emprego nem riqueza, apenas
favorecem “negociatas”, assim como a pretensão do município em se associar a
iniciativas que estão no âmbito do sector empresarial, como seja a do complexo
hoteleiro no chamado “Largo Hotel de Além-da-Ponte” que tem como objectivo
final estabelecer este tipo de parcerias ruinosas.
A nossa candidatura não é para os
que pensam que Ponte de Lima está “muito bem como está”. É preciso investir,
investir, investir muito mais na população do Concelho. Haja vontade política
para o fazer! Chegou o momento de investir em projectos estruturantes que criem
riqueza, que potenciem a sua justa distribuição, e que realmente abram mais
oportunidades, para que se possa viver com dignidade na nossa terra. Não
podemos desperdiçar mais tempo.
Um Município que dispõe de uma
excelente disponibilidade financeira, uma localização geográfica privilegiada
em termos de centralidade (Ponte de Lima encontra-se no eixo litoral, próximo
de vias estruturantes e próximo da Galiza, com acesso privilegiado a três
Portos e a dois aeroportos), dispõe de Polos Industrias e de Instituições de
ensino superior. No entanto, não dispõe, tal como as gestões camarárias que a
antecederam, de vontade política de investir no desenvolvimento harmonioso do
Concelho, melhorando e elevando a qualidade de vida dos seus munícipes.
Um Concelho sem capacidade
produtiva empobrece. Não podemos continuar na cauda do distrito nem do país.
Temos um salário médio por habitante que está 32% abaixo da média nacional, um
desemprego endémico que cresce exponencialmente (estima-se que só 40% da
população activa tem emprego), zonas industriais vazias, ausência de indústria
que incorpore tecnologia e que crie emprego qualificado, empresas que fecham
portas e a deslocalização de unidades industriais (Fábrica do queijo
Lacto-lima, Fábrica de calçado Cocalima, Fábrica de Calçado em Fornelos,
Confecções Mujorepe em Vitorino de Piães, Têxtil Dias, Ld.ª em Poiares e o
encerramento de outras). Todas estas situações tiveram consequências altamente
gravosas na situação económica e social da população limiana.
O Pólo Industrial do Granito
(bandeira eleitoral do CDS/PP e de outros em actos anteriores) não passa de um
desenho no papel, a indústria extractiva continua sem quaisquer condições de
dignidade, quer de ordenamento quer de condições de trabalho. O comercio
tradicional está a definhar, a agro-pecuária é improdutiva e praticamente
inexistente, a frente ribeirinha, com descargas poluentes a serem despejadas no
rio, encontra-se mal gerida, a rede de recolha de resíduos sólidos e de
saneamento básico é manifestamente insuficiente, a reabilitação urbana é
realizada de forma ad hoc, sendo
necessário acelerar o processo de recuperação do seu edificado. Não existem políticas de
dinamização, gestão e conservação do parque desportivo municipal, alguns
equipamentos desportivos encontram-se abandonados e existe apenas um parque
infantil para servir todo o Concelho.
Os apoios aos estudantes,
nomeadamente àqueles que precisam urgentemente de bolsas para continuarem a
estudar sobretudo ao nível do ensino superior, são bastante exíguas e de
difícil acesso, excluindo mais jovens do ensino. O investimento em bolsas de
estudo em Ponte de Lima não passa de uns meros 5000 euros ao passo que, por
exemplo, na Póvoa de Lanhoso o investimento total ultrapassa os 37 000 euros. Os manuais escolares terão que ser
gratuitos para todos, assim como o deverá ser o transporte pré-escolar. Urge
travar as elevadas taxas de saída antecipada e precoce do ensino fruto dos
baixos índices socioeconómicos do Concelho. Urge encetar medidas de incentivo à
natalidade para contrariar a tendência generalizada do aumento da população
idosa.
Ponte de Lima é o 44º Concelho
mais pobre do país, o terceiro com os piores índices de desenvolvimento
económico e social do distrito. É urgente, por isso, iniciar medidas
verdadeiramente estruturantes que dinamizem a capacidade produtiva, que criem
emprego qualificado e com direitos, que criem riqueza e a distribuam
equitativamente, que contribuam para a promoção do bem-estar dos que cá
decidiram fazer a sua vida.
Dos mais de 2 milhões de portugueses que vivem
abaixo do limiar da pobreza, muitos habitam em Ponte de Lima. Cabe ao próximo
executivo liderar processos estruturantes e não se deixar liderar por este ou
aquele interesse privado. É preciso romper com este ciclo de pobreza endémica.
Vamos devolver Ponte de Lima aos Limianos. Exigimos outro rumo, outra política
para bem do nosso Concelho. Com Trabalho, Honestidade e Competência é possível
conseguir.
O Candidato da CDU
João Francisco Gomes (Noas)