sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sobre o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida

Comunicado do Gabinete de Imprensa do PCP

Parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida é inaceitável do ponto de vista ético e profundamente desumano e não deve ser acolhido pelo Ministério da Saúde
 
 
1- O parecer, mais um de muitos que têm sido encomendados pelo Ministério da Saúde com o mesmo objectivo, vai de forma muito clara ao encontro da estratégia imposta pela troika no Pacto de Agressão, de continuar a cortar no orçamento da saúde e particularmente no funcionamento do Serviço Nacional de Saúde. Certamente vamos ter o Ministro da Saúde a dizer mais uma vez que é apenas um parecer, mas simultaneamente o parecer vai-se transformando numa orientação para os serviços.
Ou seja, estamos perante um parecer feito à medida dos argumentos que irão ser avançados pelo governo para justificar o corte de centenas de milhões de euros para a saúde no Orçamento do Estado para 2013.
 
2- O parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, conhecido ontem e cujo conteúdo foi mais claramente explicitado nos seus objectivos, na entrevista que o seu presidente deu à Antena1, deve envergonhar quem o produziu porque defende a limitação da utilização dos medicamentos necessários ao tratamento de algumas doenças graves, com o argumento de que nem todos os portugueses devem ter acesso a todos os tratamentos.
O que o presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, disse, por mais que agora procure contornar, foi que os medicamentos mais caros, independentemente da sua eficácia, não devem ser utilizados no tratamento de algumas doenças, sendo os parâmetros dessa utilização definidos em função da idade e do tempo de vida expectável para o doente.
 
3- Para além de tal medida ser claramente contrária ao preceito constitucional que estabelece «Que todos têm direito a protecção da saúde e o dever de a defender e promover» e que esse direito é realizado «através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais, tendencialmente gratuito», o que o parecer defende é claramente a divisão dos portugueses em dois grupos: os que têm dinheiro para ter acesso a todos os cuidados de saúde e aqueles que não têm possibilidades financeiras, a grande maioria dos portugueses, para quem fica reservado um serviço público com serviços mínimos.
 
4- Tal como o PCP tem vindo a denunciar neste último ano, uma das consequências mais graves da crise económica e social em que o país está mergulhado, é a degradação das condições de saúde com os vários indicadores a evoluírem negativamente, como ainda há dias foi confirmado com a divulgação do crescimento acentuado da taxa de doenças depressivas, sendo que alguns desses indicadores não terão expressão imediata, como é o caso das várias taxas de mortalidade.
A responsabilidade é de quem defende e executa medidas restritivas no plano da saúde e por isso tem de ser responsabilizado no plano político e ético por estarem a condenar à morte antecipada milhares de portugueses.

sábado, 22 de setembro de 2012

Comentário do PCP a propósito da reunião do Conselho de Estado


Conferência de Imprensa, Jaime Toga, membro da Comissão Política do Comité Central , Lisboa


Comentário do PCP a propósito da reunião do Conselho de Estado


A propósito da reunião do Conselho de Estado ontem realizada, o PCP quer sublinhar que o que se exige não são apelos ao prosseguimento de um programa de ingerência externa que está a conduzir a vida dos portugueses e do País para o desastre, mas sim a rejeição do Pacto de Agressão em nome do qual o Governo encontra justificação para intensificar a exploração, as injustiças e o empobrecimento.
O PCP alerta para as manobras que o governo tem em curso, e às quais o Conselho de Estado deu o seu aval, para com eventuais retoques ou «modulações» na TSU, manter o objectivo de assalto aos salários e rendimentos dos trabalhadores e dos reformados, e o escandaloso e consequente rumo de declínio e retrocesso.
O que o País enfrenta e o que inquieta verdadeiramente os portugueses, não é a agitada crise política para em seu nome prosseguir a cruzada de espoliação de direitos e salários, mas sim a crise social em que as suas vidas mergulharam.
A questão que se coloca não é como prosseguirá o roubo aos trabalhadores e ao povo, mas sim pôr fim a esse rumo e a este desastre.
O que a situação exige, é a derrota definitiva deste governo e uma ruptura com a política de direita, a rejeição inadiável do Pacto de Agressão, e a assunção de uma postura patriótica não subordinada aos interesses do grande capital nacional e transnacional, da União Europeia e de potências como a Alemanha.
A esta violenta ofensiva, deverá corresponder a intensificação e multiplicação da resistência e da luta, a transformação do protesto, da revolta e da indignação, em luta organizada.
A Comissão Política do PCP apela ao desenvolvimento da luta dos trabalhadores e da população, apela particularmente à participação na manifestação convocada pela CGTP, para o próximo dia 29, no Terreiro do Paço, em Lisboa, numa vigorosa manifestação de força e confiança na luta pela ruptura com 36 anos de política de direita, pela rejeição do Pacto de Agressão e a construção de um país mais justo, desenvolvido e soberano.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sobre os novos e brutais aumentos das taxas dos serviços e registos nos notários e conservatórias públicas


Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre os novos e brutais aumentos das taxas dos serviços e registos nos notários e conservatórias públicas


1. Foi ontem publicado em Diário da República o decreto-lei do Governo que aumenta, já a partir do próximo dia 1 de Outubro, praticamente todas as taxas pagas pelos cidadãos e as empresas pelos serviços e registos nos notários e conservatórias públicas.
2. Tratados no decreto-lei por “ajustamentos dos valores” são na realidade novos aumentos irracionais de taxas que, em alguns casos, mais do que duplicam. A título de exemplo, podemos referir o reconhecimento de assinaturas e letras e a partilha de bens que têm um aumento de um terço - a última passa de 300€ para 450€.
Tudo apresentado pelo Governo em nome de um “esforço de modernização e reorganização dos serviços” e de “aumentar a competitividade e promover o crescimento económico”, no quadro das orientações tutelares do Programa da Troika, expressamente referida no diploma.
3. O objectivo é claro: arrecadar mais receita e, ao mesmo tempo, proteger os interesses do notariado privado, por via da equiparação dos preços aos desse sector, cuja privatização vem do tempo dos governos PSD/CDS, opção e decisão que o PCP então contestou e continua a contestar.
4. O PCP denuncia com veemência estas medidas gravosas, que constituem mais uma acção de extorsão e um novo assalto aos bolsos dos portugueses, mais um passo no caminho do empobrecimento do povo e do afundamento da nossa actividade económica.
5. O Grupo Parlamentar do PCP irá requerer de imediato, na Assembleia da República, a apreciação parlamentar deste Decreto-lei do Governo.

domingo, 16 de setembro de 2012

Sobre as declarações de Paulo Portas


Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre as declarações de Paulo Portas

As declarações de Paulo Portas, na sequência das reuniões do órgãos directivos do seu partido, são parte da farsa que o CDS vem alimentando para se procurar ilibar das devastadoras consequências para o país e para os portugueses da acção do governo a que pertence.
Primeiro, a cínica operação sobre uma prometida “avaliação” pelo CDS das recentes medidas anunciadas pelo governo PSD/CDS como se com elas não estivesse comprometido, e agora a falsa invocação de um putativo interesse nacional que justificaria a aceitação daquelas, são um inqualificável manobrismo político para procurar ocultar a sua profunda vinculação aos objectivos de uma política de favorecimento dos interesses do grande capital e de devastação das condições de vida de milhões de portugueses.
Subscritores do Pacto de Agressão, entusiastas da submissão do país perante a ingerência externa e parceiros activos da maioria e do governo, Paulo Portas e CDS/PP são responsáveis por cada uma das medidas do governo que integram – do roubo nos salários e nas reformas, da falência de milhares de pequenas e médias empresas, à ruína da agricultura – e pelo rumo de declínio económico, retrocesso social e afundamento do país.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

FENPROF recebe delegação do PCP

FENPROF recebe delegação do PCP

FENPROF recebe delegação do PCP


Uma delegação do PCP, com a presença do Secretário-Geral, Jerónimo de Sousa, foi recebida pela FENPROF. No encontro onde estiveram, para além do Secretário-Geral da FENPROF, os presidentes e coordenadores dos vários sindicatos filiados na Federação, à excepção da Madeira e Açores, foram abordadas algumas questões relacionadas com a abertura do ano lectivo e as consequências das medidas que têm vindo a ser tomadas, quer no processo ensino/aprendizagem quer para a Escola Pública, bem como a ofensiva que tem vindo a ser desenvolvida contra os professores, desvalorizando-os social e profissionalmente.
A defesa da igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares, objectivo só possível através de uma Escola Pública com a sua matriz democrática e de qualidade; a denúncia e esclarecimento das verdadeiras intenções do governo sobre o futuro do sistema educativo em Portugal, que sustentadas politicamente na crise económica que o país atravessa, têm a sua génese no projecto ideológico do governo da direita, mereceram da parte das duas delegações uma preocupação particular.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sobre a situação decorrente das medidas recentemente anunciadas contra os trabalhadores e o povo português e a posição do PCP


Conferência de Imprensa, Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP , Lisboa

Sobre a situação decorrente das medidas recentemente anunciadas contra os trabalhadores e o povo português e a posição do PCP

Depois de um ano de políticas de severa austeridade que impôs dolorosos sacrifícios e um acentuado empobrecimento da maioria dos trabalhadores portugueses e de outras camadas e classes populares, o Governo do PSD/CDS-PP tornou público um inaceitável pacote de novas medidas que atingem de forma ainda mais dramática os portugueses que vivem do seu trabalho, de uma reforma ou pensão, que estão no desemprego ou se encontram numa situação de extrema fragilidade e pobreza.
No espaço de quatro dias, primeiro pela voz do primeiro-ministro e depois pelo ministro das finanças, ultrapassando tudo o que era impensável e todos os limites do decoro, o país tomou conhecimento do manifesto desprezo com que o actual governo encara as condições de vida e o futuro da larga maioria dos portugueses e a situação dramática em que muitos hoje vivem.
Desde logo, e à cabeça das medidas anunciadas por Passos Coelho, está a decisão de perpetuação do roubo de dois salários para os trabalhadores da Administração Pública e para os reformados e de um salário para os trabalhadores do sector privado.
A decisão de aumentar de 11% para 18% a comparticipação paga pelos trabalhadores para a segurança social, e ao mesmo tempo que se reduz 5,75 pontos percentuais a Taxa Social Única a pagar pelas empresas é um golpe inqualificável e inadmissível de saque aos rendimentos do trabalho, com a consequente transferência anual de cerca de 2,3 mil milhões de euros para o capital, em particular para os grandes grupos económicos e as grandes empresas.
Um roubo descarado, a coberto da mistificação do combate ao desemprego e que mais não é que uma burla colossal de um governo que deliberadamente o promoveu e continua a promover, como o acaba de confirmar o ministro das finanças – Vítor Gaspar – que entre as medidas anunciadas para 2013 prevê ampliar e acelerar o ritmo de despedimentos na administração pública, pondo em risco o emprego de quase 90 mil contratados a prazo.
Um conjunto de medidas que, no fundamental, visam os rendimentos dos trabalhadores do sector público e privado e seus direitos, dos reformados e da generalidade das populações com o anúncio de novos e mais drásticos cortes na áreas da saúde e do ensino.
Cortes que atingem também a Administração Pública com a redução das prestações sociais e o aumento da idade de reforma, a par de novos cortes no subsídio de desemprego, no rendimento social de inserção e nas pensões superiores a 1500 euros.
Medidas que vão reduzir vertiginosamente o rendimento disponível das famílias, contrair ainda mais o mercado interno atirando milhares de empresas para a falência, e ampliar o desemprego e a miséria.
O chamado agravamento fiscal sobre os rendimentos do capital não passa de uma cínica manobra de diversão.
A única medida quantificada é a do aumento de 1,5 pontos percentuais da taxa liberatória sobre os rendimentos de capital que, sendo uma gota de água no oceano dos milhares de milhões recebidos com a diminuição da Taxa Social Única, acaba por penalizar fundamentalmente os juros das pequenas poupanças. Como já foi demonstrado, a factura dirigida aos rendimentos do capital não ultrapassará uns ridículos e ultrajantes 25 milhões de euros, uma verdadeira ofensa aos milhar de milhões de euros extorquidos aos rendimentos de trabalho. Mais uma vez é a farsa da equidade a imperar, com o grande capital a colher ainda as vantagens resultantes do programa de privatizações, agora ampliado, com a intenção de alienação também dos CTT, CP Carga e área de resíduos sólidos das Águas de Portugal, além da TAP e ANA e ENVC.
A anunciada flexibilidade do Pacto de Agressão é sinónimo de mais e brutais sacrifícios sobre os trabalhadores e o povo, um passo na tentativa de eternização das injustiças e exploração, uma nova ameaça no rumo de afundamento do país. Falsa flexibilidade que afinal se traduz no reforço das medidas de austeridade para o povo e não de alívio face às duras condições sociais que lhe são impostas.
Falsa flexibilidade, já que apenas serve a troika estrangeira e os interesses que representa – os interesses dos mega bancos e do grande capital nacional e internacional.
As medidas agora anunciadas, reincidindo e reforçando as receitas que estão a afundar o país, para além de revelarem o fracasso de um Pacto, não vão resolver nenhum dos problemas do país.
Hoje está provado que o país poderia ter sido poupado a este ruinoso caminho de descalabro e sofrimento para milhões de portugueses, encetado por PS, PSD e CDS, e sempre apoiado pelo Presidente da República, se as opiniões e prevenções do PCP tivessem sido escutadas.
Hoje está provada a total falência e credibilidade de um governo e de todas as suas soluções e previsões. A perspectiva que se apresenta para o futuro é agora ainda mais grave, com a ampliação e adiamento das metas do défice; com o aumento da dívida e do seu serviço; com o prolongamento da recessão económica pelo terceiro ano consecutivo e a previsível estagnação por muitos mais anos; com o inevitável aumento do desemprego em resultado da contínua destruição da capacidade produtiva nacional e de emprego. Uma perspectiva cada vez mais sombria e dramática para milhões de portugueses.
Hoje está provado que a continuação da aplicação deste Pacto de Agressão, deste governo e da sua política apenas conduzirão o país ao declínio e à ruína. Os portugueses já perceberam que não há nada de inevitável nesta política, mas apenas e só uma deliberada opção de favorecer o grande capital.
Já não há mistificações que o possam ocultar, cada dia que passa com este rumo significa mais sofrimento e afundamento do País.
É necessário e urgente, é hora de pôr fim a esta política e ao governo que a executa antes que estes ponham fim ao País. É neste sentido que o PCP apela à convergência de todos os democratas e patriotas, das forças e sectores que verdadeiramente se disponham a assumir a rejeição do Pacto de Agressão, a ruptura com a política de direita, e a adopção de uma política patriótica e de esquerda.
É preciso que os portugueses saibam que mesmo na dramática situação em que a política de sucessivos governos colocou o país, há alternativa à política de desastre nacional. Há soluções para o País. O PCP propõe uma política patriótica e de esquerda e um governo que a concretize. Rejeitar o Pacto de Agressão da troika, libertar o País do domínio do grande capital nacional e transnacional, renegociar a dívida (nos seus juros e prazos) e recusar a responsabilidade pela sua dimensão ilegítima, pôr Portugal a produzir substituindo importações por produção nacional, parar com o processo de privatizações, valorizar os salários e as pensões, defender e desenvolver os serviços públicos, afirmar a soberania nacional, rejeitar as imposições supranacionais e federalistas da União Europeia constituem a opção necessária, possível e cada vez mais urgente.
Entrámos numa nova fase, a situação que vivemos exige que cada um – trabalhador, pensionista, jovem, mulher, pequeno agricultor ou empresário – demonstre o seu descontentamento e indignação, se junte à corrente de protesto e de rejeição desta política e deste Pacto, que engrosse com a sua determinação e confiança num país e numa vida melhor, a luta organizada e consequente dos trabalhadores e do povo. O PCP apela ao desenvolvimento da luta nas suas mais diversas formas e em particular apela à participação na grande manifestação decidida pela CGTP-IN «Todos a Lisboa, todos ao Terreiro do Paço» dia 29 de Setembro, numa poderosa demonstração de força e confiança, tal como o «Dia Nacional de Luta» agendado para 1 de Outubro e para a «Marcha contra o desemprego» de 5 a 13 de Outubro.
O rumo de desastre nacional pode ser interrompido, o caminho para um país mais desenvolvido e mais justo acabará por ser aberto. Nesta situação sem paralelo desde o fascismo, o Partido Comunista Português reafirma o compromisso de usar todas as energias e capacidades ao serviço dos trabalhadores, da juventude e do povo português. Pela rejeição do Pacto de Agressão, pela ruptura com a política de direita, por uma política e um governo patrióticos e de esquerda, por um Portugal com futuro, o caminho é o da luta e da alternativa.

"É imperioso libertar o país da política do Pacto de Agressão da troika"


Intervenção de João Oliveira na Assembleia de República

"É imperioso libertar o país da política do Pacto de Agressão da troika"


Senhora Presidente,
Senhoras e senhores Deputados,

Quando há menos de três meses o PCP apresentou nesta Assembleia da República uma moção de censura ao Governo fizemo-lo conscientes do que isso significava e hoje confirma-se a justeza dessa proposta: libertar o país da política do Pacto de Agressão da troika que rouba quem trabalha, semeia o desespero e afunda o nosso futuro colectivo a cada dia que passa.
Menos de três meses depois da discussão da moção de censura apresentada pelo PCP multiplicam-se os elementos que confirmam com clareza que o único e verdadeiro objectivo do Pacto de Agressão é satisfazer os interesses do Capital agravando a exploração de quem trabalha e empobrecendo de forma generalizada os portugueses.
O Pacto e a política do Governo falham em toda a linha nos objectivos que apontam como prioritários e menosprezam os problemas centrais do país.
A recessão económica aprofunda-se, atingindo uma amplitude cada vez mais preocupante.
A dependência externa do país não só não se reduziu como todos os dias se agrava com a progressiva destruição do aparelho produtivo nacional.
O desemprego atinge hoje mais de um milhão e trezentos mil trabalhadores, muitos deles jovens mulheres e homens mais preparados e qualificados, que olham para o futuro enfrentando a perspectiva de não ter trabalho nem salário que assegure a subsistência a si e aos seus.
Um milhão e trezentos mil desempregados que engrossam as fileiras dos excluídos e se confrontam com o drama do seu país não ter futuro para lhes dar. A menos que aceitem o projecto alternativo que o Governo lhes vai preparando de uma vida vivida pela metade, com metade das expectativas e metade do salário por mais horas de trabalho, sem subsídios ou quaisquer outros direitos porque para agravar a exploração de quem trabalha o Governo encontrará sempre espaço.
Com o aumento exponencial da pobreza e da exclusão social aumentam as injustiças e as desigualdades, promovidas activamente pelas políticas do Governo.
O mesmo Governo que tanto discorre sobre a equidade dos sacrifícios numa recente medida de amnistia fiscal e promoção do branqueamento de capitais repôs na “legalidade” 3.400 milhões de euros ilegalmente desviados do país, pagando apenas uma simbólica taxa de 7,5%.
Entretanto, os objectivos erigidos pelo Governo em alfa e ómega de toda a política nacional e que têm justificado toda a espécie de sacrifícios impostos ao povo português não só não foram atingidos como estão cada vez mais distantes de o ser.
O controlo do défice das contas públicas, que até ontem tinha metas e prazos tão rígidos e inegociáveis que justificavam todos os sacrifícios e mais algum, assume-se afinal cada vez mais como uma desculpa esfarrapada para prolongar no tempo o roubo aos trabalhadores e ao povo.
A dívida não só não se reduziu como se torna hoje já bastante claro que a chamada assistência financeira da troika não é mais que um gigantesco negócio usurário que fez disparar a dívida portuguesa em 6,6 mil milhões de euros.
Perante a falência da política do Pacto de Agressão e quando se tornam cada vez mais claros os seus verdadeiros objectivos e as injustiças que gera, o Governo veio nos últimos dias anunciar ao país a continuação em ritmo acelerado da mesma política, com novas medidas e mais injustiças.
Ao roubo dos dois salários aos trabalhadores da administração pública soma-se agora o roubo de um salário no sector privado, num saque de cerca de 4.000 milhões de euros transferido dos bolsos dos trabalhadores para os cofres das empresas. Sem criar postos de trabalho mas aumentando directamente lucros e dividendos.
Os reformados e pensionistas, que descontaram ao longo da vida parte dos seus salários para poderem receber uma pensão ou reforma, vêem-se agora confrontados com a possibilidade de novos e acrescidos cortes.
Para a apresentação do Orçamento do Estado preparam-se já novos aumentos de impostos sobre o trabalho com a revisão dos escalões do IRS, ao mesmo tempo que as envergonhadas e tímidas medidas já anunciadas quanto à tributação dos rendimentos do capital apenas perpetuam a injustiça fiscal e confirmam o cunho de classe das políticas do Governo PSD/CDS.
As escolas vêem iniciar-se o ano lectivo com milhares de professores a menos, num gigantesco processo de despedimento colectivo promovido pelo mesmo Governo que diz querer combater o desemprego e melhorar a qualidade do sistema educativo.
O Serviço Nacional de Saúde confronta-se com cada vez maiores dificuldades para responder às necessidades dos utentes e o Governo insiste em avançar propostas no sentido do seu desmantelamento.
Senhora Presidente,
Senhoras e senhores Deputados,

Torna-se cada vez mais evidente que o Pacto de Agressão das troikas nacional e estrangeira, ao invés de resolver os problemas nacionais, é um pacto de salvação do Capital que pretende impor em Portugal um retrocesso social de décadas, impondo o agravamento da exploração por via do desespero e do medo.
O desafio com que hoje os trabalhadores e o povo se confrontam é o de derrotar o Pacto de Agressão antes que o Pacto derrote o país.
O apelo que o PCP faz ultrapassa por isso as paredes desta Assembleia. É um apelo dirigido a todos os portugueses atingidos nos seus direitos para que engrossem as fileiras de uma luta sem tréguas contra o Pacto de Agressão e o Governo que o executa.
Tal como afirmámos no debate da moção de censura que apresentámos há menos de três meses, a censura ao Governo está nas ruas e deve mobilizar forças e vontades para a derrota do Pacto de Agressão e para a construção de uma política alternativa.
Uma política alternativa que assuma como prioridade imediata a renegociação da dívida em condições que permitam uma política económica de aumento da produção nacional, promoção do emprego com direitos e aumento do investimento.
Uma política alternativa que garanta uma justa distribuição da riqueza, promova o emprego com direitos e a justiça social.
Disse.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

PCP saúda atletas, estruturas técnicas e associativas presentes nos Jogos Paralímpicos, Londres 2012


da Comissão do PCP para as questões da deficiência

PCP saúda atletas, estruturas técnicas e associativas presentes nos Jogos Paralímpicos, Londres 2012
Segunda 10 de Setembro de 2012

O Partido Comunista Português saúda os atletas, as estruturas associativas e o Comité Paralímpico de Portugal que tornaram possível a representação desportiva nacional nos Jogos Paralímpicos, Londres 2012.
A importante prestação desportiva foi o corolário de uma forte determinação e perseverança na prática desportiva ao mais elevado nível, construída no trabalho diário de atletas e estruturas associativas que, vencendo diversos obstáculos, tornaram possível a presença de Portugal neste importante evento desportivo, demonstrando que é fundamental um verdadeiro compromisso e uma outra atitude das entidades públicas no apoio aos atletas de alto rendimento e às suas estruturas desportivas.
O PCP considera essencial que sejam ouvidos os atletas e as suas estruturas associativas, que sejam satisfeitas condições básicas de apoio, por parte das entidades públicas, designadamente na criação e reforço de estruturas de apoio ao seu treino e preparação para que a sua presença em eventos, ao mais elevado nível, seja feita em condições de igualdade relativamente aos atletas dos diversos países onde se regista um maior investimento no desporto adaptado.
No que se refere ao desenvolvimento desportivo, e do direito ao desporto, o PCP reclama uma vez mais a necessidade de romper com a falta de apoios adequados à promoção da prática desportiva entre cidadãos com deficiência (homens e mulheres, crianças, jovens e adultos), nas suas diversas vertentes: educativa, recreativa, terapêutica e competitiva.
A prestação dos atletas paralímpicos em Londres representa, ainda, um forte estímulo aos cidadãos com deficiência em Portugal para a importância da sua determinação e perseverança na luta contra injustas políticas de austeridade, assentes em cortes nos direitos fundamentais – ensino, saúde, segurança social, emprego, mobilidade, etc.. Políticas de austeridade que impedem que a inclusão social das pessoas com deficiência seja uma realidade em Portugal.
O PCP reclama o cumprimento da Constituição da República Portuguesa designadamente no que concerne às obrigações do Estado na realização de uma política nacional de integração dos cidadãos deficientes assumindo a responsabilidade de efectivação dos seus direitos, a par de da garantia do direito de todos os portugueses à cultura física e ao desporto
Recorda-se que, a Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência que Portugal recentemente ratificou reclama que os Estados tenham uma política de promoção das pessoas com deficiência nas actividades desportivas a todos os níveis.

sábado, 8 de setembro de 2012

A resposta tem de ser a luta


Declaração de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Seixal

A resposta tem de ser a luta



Reagindo à declaração de um novo ataque ao povo português com um mês de salários roubado a todos os trabalhadores, o Secretário-Geral do PCP considerou que “é preciso que os trabalhadores respondam com indignação, com protesto, com luta para travar este caminho para o desastre que hoje foi anunciado por Passos Coelho”.