sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sobre o aumento do tarifário da água

Sobre o aumento do tarifário da água
Há cerca de um ano atrás os residentes de Ponte de Lima foram confrontados com um aumento significativo dos tarifários da água, saneamento e resíduos sólidos. Como se tal não bastasse para penalizar os cidadãos do nosso concelho, na sua maioria com profundas debilidades económicas e sociais, aí está mais um aumento aprovado pela Câmara Municipal com a sua prática seguidista de gestão autárquica na linha da austeridade imposta pelo governo PSD/CDS-PP.
A partir de Janeiro, os habitantes do concelho vão sentir uma forte degradação dos seus escassos rendimentos quando forem confrontados com o aumento da factura da água, saneamento e resíduos sólidos que, não teremos qualquer pejo em classificar de desajustado na actual situação de dificuldades que atravessam as famílias Limianas.
Para termos uma dimensão racional desta situação, não podemos deixar de enquadrar este aumento das tarifas de água, saneamento e resíduos sólidos no contexto global da política de direita que tem sido o desnorte de Portugal nas últimas quase quatro décadas. A própria pressão do Poder Central sobre os municípios, há mais de 15 anos, para abdicarem das suas competências neste sector e entregarem as suas infra-estruturas e mercado às instituições empresariais ligadas às Águas de Portugal, foi o primeiro passo concertado dessa política neoliberal que teve novos desenvolvimentos ao longo destes anos. 
Torna-se por demais evidente, mesmo para os mais distraídos, que estes aumentos escandalosos do preço da água têm como finalidade última a privatização desse bem essencial que, pela sua natureza básica, terá que ser mantido na esfera pública. O que os nossos governantes (ainda que esta designação seja desajustada) pretendem, é aumentar o valor das várias empresas satélites das Águas de Portugal, através de uma explosão dos tarifários, tornando-as mais apetitosas para qualquer grande grupo económico português ou, mais provavelmente, internacional que as venha a adquirir e, por esse meio, apropriar-se de um recurso nacional que nunca deveria ser alvo de privatização, pelos impactos económico, social, estratégico e de independência nacional que lhe estão associados.
Na Assembleia Municipal em anteriores mandatos, quando abordávamos a questão estratégica da ameaça de privatização da água em Portugal, os eleitos da CDU demarcaram-se desse atentado aos direitos dos nossos cidadãos e do nosso país e afirmávamos que os interesses das populações do concelho de Ponte de Lima, no que se refere ao abastecimento de água, saneamento básico e recolha de resíduos apenas serão garantidos se for recusada a lógica comercial e impedida a entrega destes serviços a uma empresa (ainda de capitais públicos) mas como já aconteceu no passado recente ameaçada com a sua venda a capitais privados. A justeza da nossa posição está mais que comprovada, tal como se comprova a necessidade de uma nova política em que os interesses de Portugal e dos portugueses se sobreponham às ganâncias de lucros e constituição de escandalosas fortunas à custa dos recursos do nosso país e dos míseros rendimentos da maioria dos portugueses.
A Comissão Concelhia de Ponte de Lima do PCP repudia veementemente o aumento das tarifas do preço da água, saneamento e resíduos sólidos para o ano de 2014 decidido e decretado pelo Município CDS/PP em tempo de Natal, considerando que este escandaloso aumento é mais um arrombo desumano no parco orçamento mensal das famílias limianas.

12DEZ2013                                                             A COMISSÃO CONCELHIA DE PONTE DO LIMA DO PCP