segunda-feira, 2 de maio de 2022

Alargar em Maio a força de Abril na defesa do regime democrático

 


A Comissão Concelhia de Ponte de Lima do PCP, acaba de comemorar os 48 anos do 25 de Abril com uma iniciativa de valor transcendente para a defesa da democracia e da liberdade e alargou em Maio a força deste Abril com a participação no desfile do 1º de Maio em Viana do Castelo.

A Revolução de Abril não foi o processo de transição entre “regimes” a que os seus detratores a quiseram e querem reduzir, procurando, ainda que disfarçadamente, esvaziar a revolução de 1974 do que ela constituiu de profundas transformações democráticas.

Temos memória, a história não se apaga, nem se branqueia; dezenas de militantes comunistas, homens e mulheres filhos do povo trabalhador, intelectuais e artistas, caíram na luta assassinados pela ditadura fascista.

Por todo o sempre é importante não esquecer a luta de aqueles que nos legaram as sementes de liberdade. Hoje trazemos à memória alguns acontecimentos do historial de luta de militantes comunistas desta região minhota, pela liberdade e a democracia, antes, e já depois da revolução dos cravos.

  • A prisão em 12 abril de 1949 de Jaime Campos, farmacêutico, natural e residente em Ponte de Lima, firme lutador pela Liberdade e pela Democracia, o que lhe valeu a perseguição pela PIDE, tendo mesmo sido preso por duas vezes, uma delas no Aljube;
  • Ainda no ano de 1949 o PCP foi o motor da mobilização popular, inspirador da unidade, a principal força política organizada da campanha eleitoral do General Norton de Matos, natural de Ponte de Lima, à Presidência da República.

Num grande comício da campanha na freguesia de S. Martinho da Gândara, no regresso, dezenas de polícias deslocados para o Largo de Camões, esperavam os milhares de participantes que foram vítimas de brutal repressão, não poupando homens, mulheres e crianças;

Ainda numa forte concentração de apoio em frente da Casa do General Norton de Matos, na Rua do Pinheiro, foi cercada por agentes da PIDE armados de pistolas e metralhadoras ameaçando e dissipando os manifestantes;

  • A morte no dia 2 de março de 1957 de Manuel Fiúza da Silva Júnior, estucador, perto dos 70 anos de idade, natural de S. João da Ribeira - Ponte de Lima e residente em Viana do Castelo, na Delegação da PIDE do Porto, na Rua do Heroísmo, após violentas torturas e vários dias de estátua;
  • No número 263, de setembro de 1958, o jornal Avante (na altura clandestino) dá notícia da acção de protesto de cerca de 300 produtores de leite da Correlhã, por terem sido obrigados a vender à organização corporativa a produção de leite por menos preço por cada litro do que era pago pelas vendedeiras. Situação que motivou a indignação dos produtores, obrigando um fiscal a fugir, para não sofrer as consequências dessa justa indignação. A mesma medida originou conflitos, também, na Areosa (Viana do Castelo);
  • O Exílio em Inglaterra de Carlos Alberto Plácido de Sousa, prestigiado médico, após abril regressou à terra da família - Vila Nova de Cerveira. Em janeiro de 1960, esteve envolvido na corajosa Fuga de Peniche, que devolveu à liberdade Álvaro Cunhal e outros nove destacados membros do PCP, tendo-lhe cabido as responsabilidades de adquirir o anestésico que neutralizou uma sentinela da prisão e também de conduzir uma das viaturas que transportaram os fugitivos;
  • A prisão pela PIDE de Albano Lima, jornalista, natural de Ponte de Lima, preso na prisão de Caxias em abril de 1974, sai na madrugada de 27 de abril, na libertação dos presos políticos, na sequência da Revolução de Abril;
  • O assalto ao centro de trabalho do Partido (na altura na avenida António Feijó) em 18 de agosto de 1975 num brutal ataque perpetrado por um ajuntamento de reaccionários e arruaceiros, foi atacado e incendiado, causando um morto e dezenas de feridos;

Na violência fascista em 1975 foram ainda destruídos os Centros de Trabalho de Arcos de Valdevez, Caminha, Ponte da Barca, Valença;

  • Registamos, ainda, os nomes dos camaradas assassinados após o 25 de Abril: José Martins Costa Lima (Zé Carteira), morto em 1975 no assalto ao centro de trabalho do PCP em Ponte de Lima; e de Manuel Vale da Silva, morto em 1976 por reaccionários em Ponte da Barca.

Aos que nos deram a liberdade, devemos gratidão continuando a sua luta todos os dias na defesa do regime democrático, da liberdade e dos valores do Portugal de abril.

Saudamos o desfile de ontem em Viana do Castelo na comemoração do 1º de Maio, que constituiu uma forte jornada de luta e revindicação por mais salário, emprego com direitos, contratação colectiva, melhores serviços públicos e contra o aumento do custo de vida.

02/05/2022

A Comissão Concelhia de Ponte de Lima do PCP