terça-feira, 4 de setembro de 2018

A CDU na sessão da Assembleia Municipal de 01 de Setembro de 2018


João Monteiro, representante eleito da CDU – Coligação Democrática Unitária – PCP/PEV na Assembleia Municipal de Ponte de Lima levou, à sessão deste órgão deliberativo municipal no passado dia 01 de Setembro realizada no Auditório Municipal, um conjunto de questões e de assuntos relevantes da vida quotidiana do Concelho e da gestão municipal que dá-mos ao conhecimento da população limiana.

Assuntos de interesse municipal
Foi em conferência de lideres assumido o compromisso verbal, apelando ao bom senso, para na ordem de trabalhos desta sessão, não se alongassem as forças representadas, na discussão dos assuntos inseridos no âmbito do ponto da ordem de trabalhos “Período de Antes da Ordem do Dia”, de forma a permitir que com o maior tempo possível e serenidade pudéssemos analisar, julgar, reflectir, discutir e votar a questão primordial desta sessão da Assembleia que é o contrato de Adesão à Sociedade Águas do Alto Minho.
  
Honrarei esse compromisso assumido, que de certa forma irá adiar a abordagem de outros assuntos, que salvo melhor opinião, apesar de também importantes, não o são tanto como o referido no parágrafo anterior.

No entanto, aproveito esta oportunidade, para manifestar o meu desalento e desagrado com a postura seguida pelo executivo camarário em relação a esta matéria, negligenciando a importância de que se reveste todo este processo. Não foi feita uma única sessão pública de esclarecimento, não foi, apesar de ter sido pedido, realizada uma Assembleia extraordinária, que no meu entender seria o mais indicado para uma melhor discussão deste assunto.

Repito, apesar de ter sido pedido a realização de uma assembleia municipal extraordinária, foi-nos dito que a limitação dos prazos a cumprir eram impeditivos da realização da mesma, não obstante o tempo decorrido desde a última assembleia 

Apesar de estar em causa a cedência de uma posição, com cedência de direitos inalienáveis pelo prazo de trinta anos, com as consequências dai inerentes, não viu a maioria do executivo a necessidade de agir dessa forma, dando uma pobre imagem daquilo que não se deve fazer em democracia.
É caso para perguntar. Não é este assunto em discussão assim tão importante que justificasse a realização de uma assembleia municipal extraordinária?
 
Provavelmente estar-se-á hoje neste plenário a discutir e votar o assunto mais importante que surgiu até à presente data, irá influenciar toda uma geração, cujo ónus é demasiado pesado, merecendo a melhor atenção possível para quem tem responsabilidades nesta matéria, lamentavelmente não parece coincidir com a opinião da maioria do executivo em função de toda a conduta adoptada.      
Só peço que de futuro seja feita uma abordagem diferente da discussão dos assuntos surgidos, de forma a ser mais consentânea com os princípios e regras democráticas de um estado de direito.

Sobre a Adesão à Sociedade Águas do Alto Minho, S.A.
A CDU – Coligação Democrática Unitária – PCP/PEV valoriza em absoluto que seja exclusivamente o poder local a assegurar a gestão pública da água e a prestação deste serviço básico, sendo também reconhecido pelas populações o importante papel que as autarquias têm desempenhado na gestão deste recurso e o esforço desenvolvido para levar a água e o saneamento básico a todos, ainda de que forma insuficiente, tentando acautelar e proteger os interesses das populações.

Ora esta realidade está hoje posta em causa com a celebração e imposição deste acordo que nos é apresentado pela maioria no executivo da Câmara Municipal de Ponte de Lima, de aderir à empresa Águas do Alto-Minho detida na sua maioria pela empresa Águas de Portugal.

Caminhamos perigosamente para a desarticulação do princípio evocado no sítio da C.M. sobre o abastecimento de água que, passo a citar “O Município de Ponte de Lima tem efetuado um esforço significativo no reforço e ampliação das infraestruturas de abastecimento de água, tendo como principal objetivo fornecer água em qualidade e em quantidade aos consumidores.” Fim da citação. Temos que recordar que esta realidade está construída na base de dinheiros públicos e do esforço dos trabalhadores municipais e das populações.

Como é sabido trata-se de um negócio na base de uma concessão a longo prazo cuja duração será de 30 anos e com a participação minoritária dos municípios. O conjunto dos sete municípios aderentes perfaz os 49%, ao município de Ponte de Lima cabem-lhe 7,77%, tornando-se uma figura meramente decorativa. Os municípios de Ponte da Barca, Monção e Melgaço, não alinharam neste “grande” negócio e dos municípios que aderiram, Caminha e Vila Nova de Cerveira não integram na totalidade os sistemas de abastecimento de água, cuja exploração permanece na esfera de algumas juntas de freguesia.

A distribuição de água ao domicílio em “baixa” e, da rede de saneamento passará a ser gerida pela empresa “Águas do Alto Minho”, sendo que em "alta" já se encontra concessionada à empresa Águas do Norte a quem o Município já tinha cedido de mão-beijada todas as suas captações de água, como agora o faz com a entrega da posse de bens e infraestruturas.

A integração do Município com a Águas de Portugal para dar corpo à empresa “Águas do Alto-Minho” será do conhecimento de alguns, de todos talvez não, pois a ideia é que se fale pouco ou quase nada da questão. Estamos perante a celebração de acordos intermunicipais que violam o princípio fundamental do direito humano, concretamente do bem, patrimonial/universal, essencial á vida de todos e que é de todos, a água!

Na nossa opinião é um negócio pouco claro, dúbio na sua forma e na sua substância, com muitas “entrelinhas”, é mau para o município e para as gentes de Ponte de Lima. A concretização deste acordo nefasto é inaceitável, irá prejudicar e onerar grandemente toda a população do Concelho, pois retirará á autarquia qualquer capacidade de intervenção democrática na sua gestão, porá em causa direitos laborais e naturalmente afectará a nossa população com o aumento das tarifas e taxas a aplicar aos consumidores domésticos e não-domésticos, inclusive inserir na Águas do Minho fontes e nascentes que de futuro acarretará nefastos e graves problemas económicos e sociais, sendo que a lógica deste modelo é a de que os preços devem cobrir todos os encargos.

Importa dizer de que este acordo trará consigo, entre outros prejuízos, enormes e imorais consequências para todo o Concelho e para as freguesias e dos seus fregueses, tendo em conta que explorações próprias irão ser inseridas nesta nova empresa.

Nunca será de mais frisar de que as freguesias de Argas de São João, Argas de Cima, Argas de Baixo e Gondar, estas no Concelho de Caminha; e a freguesia de Covas no concelho de Vila Nova de Cerveira não vão ceder os seus sistemas de abastecimento de água para integrar o projecto de parceria, adensando ainda mais as dúvidas e receios quanto à honestidade deste contrato de adesão.  
Daí a pertinência da pergunta aos Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia. Estarão as vossas populações informadas e inteiradas destas nocivas consequências? O que fizeram em cada freguesia para ouvir as vossas populações? Qual a reacção das mesmas?

Em tudo isto é penoso e grave, como sempre acontece neste tipo de decisões., a existência da indefinição preocupante como serão resolvidos no concreto todos os problemas relacionados com os trabalhadores, se passam para a nova empresa, com que direitos? E o que acontecerá aos que não quiserem passar?

As questões das relações laborais passam-se por elas como gato por lebre. Infelizmente tem sido norma geral, este tipo de decisão acarretar profundas implicações para os trabalhadores, pois com este modelo irão deixar de existir progressivamente trabalhadores dos serviços das águas vinculados ao Município e provavelmente a redução de número de trabalhadores levando, posteriormente à subcontratação em regime outsourcing “processo usado por uma empresa no qual outra organização é contratada para desenvolver uma certa área da empresa.”

Acresce referir que esta decisão municipal, ocasiona a estranha e melindrosa penalização no que diz respeito a futuros investimentos no alargamento da cobertura dos serviços, assim estes ficarão a cargo das autarquias e não das Águas do Alto-Minho, ou seja, as câmaras investem e a empresa lucra.
Não será por acaso que outros municípios do Pais que aderiram a este tipo de fusões queiram agora voltar atrás e reconverter para si a gestão da água ou seja a autonomia municipal, da manutenção do sistema e da gestão pública da água, como sendo um bem que é de todos e para todos.

Sublinhamos, para nós CDU a água é um bem essencial; é indispensável à vida e constitui um património que é de todos. Sem água não há vida. É um direito humano valioso; por isso o Estado através exclusivamente das autarquias locais deve funcionar como garante do direito à generalização e democratização do acesso das populações aos serviços de abastecimento de água e rede de saneamento básico.

Na nossa análise e no nosso conceito as justificações, e argumentos apresentados, concretamente à necessidade de aderirem a este modelo de gestão para terem o acesso aos fundos comunitários são infundados. A Assembleia da República aprovou recentemente uma proposta de resolução apresentada pela CDU-Coligação Democrática Unitário-PCP/PEV que foi aprovada pela maioria dos partidos com assento parlamentar e com a abstenção do PS, na qual recomenda ao Governo o seguinte:

“Cumpra o regulamento Especifico do Domínio da Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, garantindo e acesso das autarquias e suas associações aso fundos comunitários no âmbito do Ciclo Urbano da Água, independentemente do modelo de gestão dos sistemas, seja a título individual ou em soluções agregadas.”.

“Não considere como condições de elegibilidade a existência de número mínimo de habitantes que uma candidatura deve abranger, ou no caso de agregações limite mínimo do número de concelhos, nem considere condições ex-ante de nível de cobertura de gastos.”

A CDU não está em desacordo que se crie uma empresa intermunicipal gerida, unicamente, pelos municípios. Assim, podemos dizer que existem outras formas que garantam, hoje e no futuro a gestão pública da água, salvaguardando os interesses das autarquias. Existem sim alternativas, e que uma delas passa pela manutenção da água sob propriedade, controlo e gestão exclusivamente municipais.
A água é um bem inegociável e alienável, é algo que é nosso, de toda a população, e não deve ser utilizado como mercadoria de lucro fácil, por tudo isto, não alinhamos na adesão do município de Ponte de Lima em acordos que tenham a finalidade de minar a gestão pública da água.

Com a decisão municipal de adesão a este acordo perigoso, corremos o risco de abrirmos a porta para a privatização da água, onde serão eliminadas as garantias de orientação da sua gestão por valores de equidade económica e social e suprimidos os princípios da coesão nacional e territorial, de solidariedade inter-regional e de responsabilidade ambiental.

O que sabemos é que os contratos podem ser alterados, e neste caso sem a obrigatoriedade e o escrutínio quer dos executivos das autarquias quer das assembleias municipais. Temos na lembrança a entrega de sectores estratégicos da economia, a energia, os transportes, a siderurgia, o sector financeiro e outros, ao capital privado. Inicialmente estava vedada o acesso da iniciativa privada e o que se veio a verificar é que este compromisso foi violado e o efeito foi o descalabro com todas as consequências nocivas e avassaladoras que conhecemos para a economia e soberania nacional.

 A CDU – Coligação Democrática Unitária – PCP/PEV, opõe-se a todas as iniciativas que possibilitem futuramente qualquer tentativa de privatização da água, lutando para que a mesma continue a ser um bem público e assim de acesso a todos.

As populações do Concelho e do Alto-Minho podem contar com o nosso compromisso de que tudo faremos, por todos os meios constitucionais, na defesa da gestão pública municipal da água, nomeadamente a denúncia de todas as medidas tendentes a promover a privatização, seja por que via for, destes sectores e dos serviços que lhe dão corpo, construídos com dinheiros públicos e o esforço dos seus trabalhadores e das populações.

Assim, rejeitamos a constituição da Empresa Águas do Alto-Minho, nos moldes anunciados onde a empresa Aguas de Portugal ficam com 51% do capital da referida empresa a formar, relegando os municípios aderentes para a posição de minoritários. Dizemos não a acordos ruinosos de entrega da gestão de serviços municipais!

Sobre “Benefícios Fiscais para o ano de 2019”
O esquema a submeter a apreciação e aprovação deste órgão deliberativo municipal em relação a Benefícios Fiscais é o mesmo dos últimos anos. Continuamos a considerar que esta proposta que abarca os diferentes impostos, é injusta, inadequada ao momento. A votação e fixação das taxas deveriam ser em separado para melhor definição da posição a assumir pelos membros eleitos municipais.

A CDU sempre denunciou nesta casa de que as colectas de IMI são demasiado elevadas, e em especial pelos índices inflacionados de avaliação dos imóveis. Sublinhamos com toda a propriedade de que ao longo de muitos anos à actualidade, preconiza-mos que os valores que o município abdica da receita do IRS, sejam canalizados para a redução do IMI. Ora adoptada esta prorrogativa; os benefícios seriam mais abrangentes.

Não chegam só os argumentos de uma dita estratégia ao longo dos últimos anos e de que passa pela criação de condições de maior atractividade para a localização de pessoas e empresas no concelho, assim como para garantir uma melhor qualidade de vida e promover o desenvolvimento económico da região, não é palpável nem visível tal desígnios em resultados práticos objectivos.

Queremos manifestar apreço e congratulamo-nos que, agora o Sr. Vereador da PLMT – ponte de lima minha terra - tenha defendido em proposta de que a redução do IRS fosse metade e que a taxa do IMI fosse a mínima. Proposição muito semelhante (não na totalidade é certo) ao que sempre defendeu a CDU. Proposta esta, infelizmente, rejeitada pelo executivo municipal.


A CDU considera que deveria existir uma visão estratégica que orientasse o concelho e, sem excepção, todos os seus agentes económicos, no sentido de um verdadeiro rejuvenescimento da sua população, das empresas, e do investimento de uma forma geral no concelho.