Estamos mais fortes!
Comentário de Inês Zuber
Saímos destas eleições com cerca de 416
mil eleitores que depositaram a sua confiança na luta que travamos. Os
objectivos a que nos propusemos – maior percentagem, mais votos e mais eleitos
– foram atingidos e todos nos devemos orgulhar desta vitória colectiva. Foram
mais 36 600 votos do que há cinco anos, mas uma vez que os votantes anteriores
não se mantiveram todos fixos, este resultado pode significar que cerca de cem
mil pessoas – sendo apenas uma estimativa – terão votado na CDU pela primeira
vez. Outros terão voltado a votar na CDU depois de alguns anos em que se
deixaram enganar – e hoje o admitem – pelos partidos da troika (PS,PSD e CDS).
A direita sofre a maior derrota eleitoral de sempre.
Este resultado confirma o que sentimos
na campanha.
Que há mais pessoas que reconhecem a
actuação dos eleitos da CDU como distintiva da dos outros eleitos, que há mais
pessoas que reconhecem PS e PSD (e CDS) como duas faces da mesma moeda, que há
mais pessoas que se identificam com a nossa caracterização sobre a UE enquanto
processo de integração capitalista, que há mais pessoas que sabem e que
expressam objectivamente que o pacto de agressão assinado entres as troikas
nacional e estrangeira não teve como objectivo a «salvação» do País mas sim
permitir mais exploração, mais desemprego, mais acumulação de riqueza no grande
capital nacional e estrangeiro, mais desigualdades sociais. Sabemos que há mais
consciência da exploração de classe e melhor identificação dos responsáveis.
Queremos dizer a todos aqueles que
votaram em nós – especialmente àqueles que venceram o desalento e depositaram
em nós a sua confiança – que hoje estamos mais fortes para continuar a nossa
luta, tanto no plano institucional como no plano da mobilização de massas. Que
os convidamos a juntarem-se a nós nesta luta pela alternativa por uma política
patriótica e de esquerda. É hoje evidente que o povo não quer, não aceita e não
legitima nem socialmente nem eleitoralmente a política da troika, seja ela executada
por PSD, PS ou CDS. Por isso hoje estamos mais fortes para, em qualquer que
seja o espaço, lutar pela libertação do País das imposições do euro e da União
Europeia, pela necessária e urgente renegociação da dívida nos seus prazos,
juros e montantes, pela valorização dos trabalhadores e dos seus direitos.
Vamos exigir – porque é isso que o povo quer e porque é o justo – a devolução
integral dos salários, pensões de reforma e direitos roubados, e não aceitemos
menos do que isso. Vamos lutar pela recuperação para o Estado das empresas
estratégicas e façamos com que esses lucros sejam investidos no País e não
fiquem para meia dúzia de grandes capitalistas. Vamos reverter o processo de
privatizações. Vamos exigir, seja nas instituições europeias seja no plano
nacional, que os interesses nacionais sejam efectivamente respeitados, o que
exige a renúncia do Tratado Orçamental.
Como sempre dissemos, um bom resultado
eleitoral da CDU dá mais potencialidades à luta, condiciona mais a política de
direita e abre novas possibilidades a uma política alternativa ao serviço do
povo e dos trabalhadores portugueses. É hoje mais possível afirmar os valores
de Abril que estão profundamente enraizados na memória colectiva do nosso povo.
Como sempre dissemos, cá estamos a seguir
às eleições, todos os dias, na luta, no trabalho colectivo, em cada bairro,
local de trabalho, empresa, escola, e também nas instituições. Hoje com mais
força e com mais gente na luta.