sábado, 10 de novembro de 2012

Sobre os dados do Comércio Internacional de Mercadorias, nos primeiros nove meses de 2012


Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre os dados do Comércio Internacional de Mercadorias, nos primeiros nove meses de 2012


No mês de Setembro, e pela primeira vez no corrente ano, as exportações de mercadorias caíram 6,5%. Exportaram-se neste mês menos 246 milhões de euros de mercadorias do que em Setembro de 2011. Este valor deveu-se fundamentalmente à queda das exportações para os países da União Europeia - que representam 71,2% do total das exportações e que caíram neste mês 8,3% - assim como a evolução da taxa de câmbio do euro com o dólar.
Com os dados agora divulgados, é possível desde já concluir-se que ao longo do corrente ano o ritmo de crescimento das exportações vem desacelerando de forma sustentada de trimestre para trimestre (no 1º trimestre 11,5%, 2º trimestre 7,2% e 3º trimestre 4,5%).
Desta forma, e dada a evolução das economias europeias nomeadamente a Espanhola para onde as exportações caíram nos primeiros 9 meses 4,6% e a Alemã para onde a queda foi de 1,3%, é bem possível que o objectivo do Governo de as exportações crescerem no corrente ano 4,3% possa neste momento estar em causa.
Pode bem dizer-se que, a confirmar-se esta evolução, o único factor com que até agora a nossa economia parecia funcionar começa a mostrar dificuldades e os riscos do aprofundamento da recessão crescem.
Reafirmamos, uma vez mais, que só com a rejeição do Pacto de Agressão, só com a ruptura com a política de direita, só libertando o país dos interesses do grande capital, Portugal poderá ter futuro. O país precisa de uma outra política, de uma política patriótica e de esquerda.
Estes factos não podem ser escamoteados com o argumento abusivo do efeito das greves portuárias sobre as exportações para os países extracomunitários, que de acordo com INE são na sua esmagadora maioria feitas por via marítima. Se considerássemos que a totalidade da queda das exportações feitas para estes países se devia a estas greves, e isso significaria ignorar outros factores importantes já referidos, mesmo assim as exportações teriam caído 1,2%, em Setembro.
Uma política que assuma a imediata renegociação da dívida pública, nos seus prazos, juros e montantes, incluindo a renúncia da componente ilegítima dessa dívida e a assumpção de um serviço da dívida compatível com as necessidades de crescimento económico e criação de emprego.
Uma política que garanta a efectiva defesa da produção e do aparelho produtivo nacional que envolva: um programa de substituição de importações por produção nacional; medidas de efectiva redução dos custos dos factores de produção: energia, transportes, comunicações, crédito, entre outros; o aproveitamento e controlo soberano dos recursos nacionais; a valorização do mercado interno como componente do crescimento económico; o apoio efectivo às micro, pequenas e médias empresas; a diversificação das relações económicas, comerciais e de cooperação com outros povos.
Uma política que concretize o fim das privatizações e a recuperação do controlo público dos sectores estratégicos da economia nacional, incluindo a nacionalização da banca, colocando-os ao serviço dos trabalhadores e do povo.
Uma política que, no plano fiscal, acabe com o escandaloso favorecimento da banca, da especulação financeira, dos grandes grupos económicos nacionais e estrangeiros.
Uma política que aposte na valorização dos salários, das reformas e pensões, das prestações sociais, inseridas num processo de combate às injustiças e melhoria das condições de vida das populações, bem como de estímulo ao mercado interno e à actividade económica.
Uma política de dinamização do investimento público, central e local necessário ao crescimento da actividade económica, à modernização e qualificação do país e à satisfação das necessidades das populações e que envolve de imediato a adopção de um plano de emergência para o sector da construção civil.
É na concretização desta política, no crescimento económico e na melhoria das condições de vida do povo português, na redução da dependência externa e na afirmação da soberania nacional que, falando verdade aos trabalhadores e ao povo português, o PCP está empenhado.