terça-feira, 26 de junho de 2012

Os “grandes negócios” dos meios aéreos

Os “grandes negócios” dos meios aéreos

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Os “grandes negócios” dos meios aéreos


Em Outubro passado, o Ministro da Defesa Nacional (MDN) foi à Assembleia da República anunciar as “poupanças” do seu ministério, questionar a não participação da Força Aérea no apoio aos fogos florestais e ao INEM e anunciar, pomposamente, o reforço das missões de interesse público das Forças Armadas. No seu documento «MDN 2015 – Um novo contrato de confiança», o Ministro Aguiar Branco sublinhava que «As Forças Armadas dispõem de recursos e competências únicas que, em articulação com outras estruturas permitiriam ao Estado ter ganhos de eficiência e eficácia na resposta a crises. Trata-se da participação mais activa em missões de interesse público, mais próximas das pessoas, aproveitando racionalmente as suas disponibilidades e dando valor acrescentado à sua presença ao longo de todo o território nacional. Prevenir e combater os riscos ambientais, desastres, crime organizado, combate aos fogos florestais».
Na sequência deste anúncio do MDN, a Força Aérea afirmou, em tempo útil, a disponibilidade da utilização dos seus meios aéreos, designadamente dos helicópteros PUMA, no apoio ao INEM e no combate aos fogos florestais.
Nove meses depois, bem se pode dizer que o Ministro Aguiar Branco teve “entradas de leão, saídas de sendeiro”...
É que o Ministro da Administração Interna (MAI) acabou de anunciar um novo modelo de contratação, manutenção e aluguer de meios aéreos para o combate aos fogos florestais e também para utilização do INEM. Anunciado foi também que a operação e manutenção das nove aeronaves do Estado será entregue a privados. Falou mais alto o interesse do capital, que se sobrepõe aos tais ganhos de eficiência e de eficácia.
Como se vê, não há participação da Força Aérea nem com meios aéreos, nem na manutenção das aeronaves do Estado. Aliás, a utilização de meios aéreos da FAP permitiria uma dupla poupança porque os muitos pilotos que estão “encostados”, devido aos cortes orçamentais que obrigam a Força Aérea a reduzir as horas de voo para um número abaixo do mínimo exigível, poderiam voar e, deste modo, obter ou melhorar as suas qualificações de voo.
Assim, a tal participação mais activa das Forças Armadas em missões de interesse público ficará resumida ao envio de “tropa” para fiscalizar as matas, isto é, à utilização de mão de obra barata, porque quanto ao resto, onde se poderia de facto poupar, os “grandes negócios” sobrepõem-se ao interesse nacional.
O PCP considera que o Ministro da Defesa Nacional deve rapidamente esclarecer a razão porque a Força Aérea, os seus meios materiais e humanos ficaram de fora deste protocolo entre o MAI e o Ministério da Saúde.